domingo, 29 de janeiro de 2012

O Menino Que Queria Roubar Aviões



Fabinho é um menino de pele clara e olhos escuros, lindíssimo!
Qualquer menina de quinze anos teria que fazer malabarismos para não se apaixonar.

Por saber da minha paixão por historias, sentou-se na calçada e me contou do seu sonho de criança:

-Quando criança meu sonho era roubar aviões!

-Roubar aviões?! _exclamei.

Ele riu da minha aguçada e pontiaguda curiosidade e prosseguiu. Contou-me que, de onde morava, sempre avistava pequenos aviões no céu. Decorou os horários em que eles passavam e assim que o tempo se aproximava, corria para a varanda e, ansioso, esperava.
Segundo Fabinho, naquele tempo, ele ainda não sabia ler relógio e por isso quem ditava as
horas era o céu:

-Quando o sol já estava fraco, e começava a se esconder atrás do muro alto, era hora de ir ver aviões! –me confessou com um sorriso grande nos lábios.

Assim que os aviões passavam, Fabinho se esticava todo: levantava as mãos, abria os dedos e ficava na ponta dos pés.

Mesmo se fazendo o mais alto que podia, o pequeno avião escapava por entre seus dedos.
 E ai acontecia a frustração.

Nunca ninguém levou a serio os olhos tristes do menino quando voltava da varanda.

-O Fabinho e esses aviões! É sempre a mesma história! _dizia a irmã mais velha com voz de quem pensa entender de dor.

Um dia seu avô o vendo cabisbaixo, devagar, se aproximou:

-O que houve, Fabinho? Quer conversar?

-São os aviões, vovô. Nunca consigo toca-los, estico meus braços, me ponho na ponta dos pés e nada! Eles se vão pra longe e eu os quero pra mim. _falou em voz pequena.
O avô riu.

Mas não um riso alto e de pouco caso.
Riu um riso de quem compreende o que é ser menino.
O avô sentou-se, o trouxe para perto, e falou:

-Fabinho, meu pequeno menino, lá de cima o avião te vê pequeno, como formiga! Mas eu posso te contar um segredo que fará com que seu coração fique, a cada dia, mais perto do céu.

-Como a gente faz pra ficar mais perto do céu, vovô?

-A gente fecha os olhos e acredita!

-Acredita em quê?

-Acredita em Deus! Acredita que, amanhã, a vida pode ser mais bonita, e pede pra Deus acreditar na gente; porque só gente como a gente pode fazer o mundo se tornar um lugar melhor.

Fabinho, sem entender muita coisa abraçou o avô e guardou as palavras para quando elas fizessem sentido. Afinal, o tempo sempre decifra esses enigmas que a gente leva no bolso. Ou não.

O tempo passou e Fabinho percebeu as grandes verdades na voz de seu avô.

Hoje o menino, que já não é mais menino, aprendeu que amando a Deus é possível ficar mais perto do céu. Quando passa avião, Fabinho sorri, fecha os olhos, e coloca o coração lá em cima, perto das nuvens e de Deus.

Nota: Ouvi a historia de Fabinho cerca de cinco anos atrás e prometi , para mim mesma, que um dia escreveria sobre ela. Afinal, não é sempre que a gente encontra uma história tão doce dando sopa por aí, não é?!
 

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