Sendo que Cristo ressuscitou no domingo, não deveria este ser o dia de guarda para todos os cristãos?
A  maioria dos observadores do domingo tenta justificar essa prática  alegando que a ressurreição de Cristo ocorreu no primeiro dia da semana.  Não resta a menor dúvida de que Cristo morreu numa sexta-feira à tarde,  descansou na sepultura durante o sábado, 
e ressuscitou antes do  alvorecer do “primeiro dia da semana” (ver Lc 23:44 a 24:12). 
Mas em nenhum lugar das Escrituras é feita qualquer alusão ao dia da ressurreição (domingo) como um novo dia de guarda, em substituição ao sábado do sétimo dia, que fora instituído pelo próprio Deus na semana da criação (ver Gn 2:1-3; Mc 2:27). Esse dia foi incorporado por Deus no Decálogo (ver Êx 20:8-11), e é apresentado no Novo Testamento intimamente relacionado ao descanso da justificação pela fé em Cristo (ver Hb 4:4-11).
Houvesse o  dia da ressurreição se transformado no novo dia de repouso da igreja  apostólica, e isso certamente transpareceria na linguagem empregada nos  Evangelhos e nos demais livros do Novo Testamento, escritos vários anos  após a ressurreição de Cristo. Mas os evangelhos de Marcos e Lucas  (escritos cerca de 30 anos após a ressurreição), o de Mateus (escrito  cerca de 35 anos após esse evento) e o de João (escrito cerca de 60  anos após o mesmo evento) referem-se ao dia da ressurreição simplesmente  como o “primeiro dia da semana”, sem qualquer deferência especial para  com ele (ver Mt 28:1; Mc 16:2; Lc 24:1; Jo 20:1, 19).
Algumas pessoas também procuram  justificar a observância do domingo com base na referência ao “dia  do Senhor” de Apocalipse 1:10 e no fato de os discípulos haverem se  reunido em dois domingos diferentes (ver Jo 20:19; At 20:7), seguindo o  conselho de Paulo de separar uma oferta para os pobres nesse dia (ver I  Co 16:2). Mas, se estudarmos detidamente o conteúdo desses textos,  perceberemos que: (1) a reunião mencionada em João  20:19 foi realizada, não com o propósito de venerar o domingo, mas para  esconder os seguidores de Cristo, perseguidos pelos judeus; (2)  a reunião referida em Atos 20:7 era simplesmente para “partir o pão”,  prática essa que podia ocorrer em qualquer dia da semana (ver At 2:42,  46); (3) o objetivo de cada um separar “em casa”,  “no primeiro dia da semana”, uma oferta para os necessitados era  simplesmente para que não se fizessem “coletas” quando Paulo fosse  visitar os coríntios (I Co 16:2); (4) não existem  quaisquer evidências bíblicas ou históricas de que, na época em que o  apóstolo João escreveu o texto de Apocalipse 1:10, o domingo já fosse  chamado de “dia do Senhor” (ver Is 58:13; Mt 12:8), como o foi  posteriormente.
Aqueles que aceitam a tradição  pós-apostólica, como normativa, não se constrangem em transportar  a observância do domingo para dentro do Novo Testamento. Mas, com base  no princípio de que a Palavra de Deus deve interpretar-se a si mesma,  não conseguimos ver, nos textos acima mencionados, qualquer endosso  bíblico para a observância do domingo.
Texto de autoria do Dr. Alberto Timm




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